terça-feira, 24 de maio de 2016

FIA World Endurance Championship: multitarefas em alta velocidade


É com as mãos e pés, experiência e instinto que os pilotos controlam o Porsche 919 Hybrid no Campeonato Mundial de Endurance da FIA (WEC). Sob o painel, os pés fazem punta-taco (ato de pisar simultaneamente com o pé direito no acelerador e no freio). Alguns dos pilotos de fábrica da Porsche usam o pé esquerdo para frear, outros preferem mover o pé direito entre os pedais do acelerador e do freio. Mas o que fazem com as mãos é muito mais complicado: os pilotos operam um computador.


Apontar o carro na direção correta é a tarefa mais trivial realizada com o volante. Os pilotos trabalham com 24 botões e interruptores na frente do volante, além seis palhetas no outro lado, para controlar totalmente o complexíssimo carro de corridas. Nesta temporada de 2016, os botões e interruptores no volante foram cuidadosamente reposicionados com a cooperação dos pilotos para facilitar sua operação com confiabilidade em ritmo de corrida. Em Le Mans, as velocidades mais altas chegam a 340 km/h. Mesmo assim, alguns elementos de controle tiveram que ser posicionados no painel, simplesmente porque não há mais espaço no volante.

O volante do carro de corrida não é redondo - na realidade é um retângulo achatado. O formato se deve ao espaço necessário na hora das trocas de pilotos. De outra forma, os pilotos mais altos, como Mark Webber ou Brendon Hartley, em particular, teriam dificuldade para acomodar rapidamente suas pernas compridas. Ao centro há um grande mostrador, que mostra aos pilotos um grande volume de informações. Elas incluem a velocidade, qual marcha está engatada, o modo de gerenciamento do motor selecionado no momento e o nível de carga da bateria de íons de lítio, isto é, quanta energia elétrica está disponível para ser usada para movimentar o eixo dianteiro. O motor elétrico no eixo dianteiro complementa o trabalho do motor a combustão com quatro cilindros turboalimentado de dois litros, que movimenta as rodas traseiras. O botão de controle no alto, à esquerda, (chamado DISP) é usado para escolher as informações que são exibidas.

Os botões usados com mais frequência estão posicionados ao longo da borda superior externa, para que possam ser alcançados facilmente com os polegares. O botão azul no alto, à direita, está em uso quase o tempo todo - é o lampejador de faróis, usado pelos rápidos protótipos para avisar os veículos mais lentos nas provas do WEC que estão sendo ultrapassados. Quando acionado, ele faz os faróis piscarem três vezes. À luz do dia, os pilotos mantêm o polegar nele quase que permanentemente, já que o sinal feito pelos faróis é mais difícil de perceber na claridade.

O botão no alto do lado esquerdo também é usado bastante. Ele é o responsável por liberar a força elétrica da bateria, também chamada de “boost”, para aumentar a aceleração. Os pilotos podem usar a energia extra para ultrapassar, mas precisam ser cuidadosos, economizando essa força. A quantidade de energia que pode ser usada por volta é especificada: a referência para isso é uma volta no circuito de Le Mans, onde podem ser utilizados oito megajaules. Os valores são reduzidos para os circuitos mais curtos. A quantidade de energia que um piloto usa para se livrar do tráfego na metade de uma volta, por exemplo, não estará mais à mão para o restante da volta.

Os interruptores rotativos à esquerda e à direita, na parte de baixo do mostrador (TC/CON e TC R) são para a pré-regulagem do controle de tração. Para um ajuste fino das várias regulagens do motor e do sistema híbrido, os pilotos usam os botões nas duas fileiras superiores, o TF- e o TF+ em amarelo claro e o MI- e MI+ em azul. Abaixo deles ficam os botões mais e menos em rosa, que controlam o equilíbrio dos freios (BR) entre os eixos dianteiro e traseiro.

Dos dois botões verdes, o da esquerda opera o rádio (RAD) e o da direita é o botão que sinaliza OK para o piloto para confirmar que ele realizou as mudanças de regulagens pedidas a ele através da comunicação de rádio com os boxes. A telemetria multidirecional é proibida: os engenheiros não podem interferir ativamente, mas apenas dar aos pilotos informações e ordens a partir dos dados que recebem do carro.

Os botões cor de laranja, no nível logo abaixo, operam a garrafa d’água (esquerda, DRINK) e, o do lado direito o modo de rolamento (SAIL), que é uma forma de rodar economizando combustível, sem acelerar o motor a combustão.

O botão dourado PIT, à esquerda, aciona o limitador de velocidade para a entrada e saída nos boxes (60 km/h). O seu equivalente do lado direito leva a sigla FCY e é o limitador de velocidade para períodos de neutralização, como quando acontece uma “Bandeira Amarela em Toda a Pista” e os carros têm que andar 80 km/h.

O controle rotativo central, chamado MULTI, trabalha junto com os dois controladores bem ao alto na parte externa do volante. Quando o engenheiro dos boxes pede para que seja usado o acerto “Alfa 21”, por exemplo, o piloto seleciona o “A” no botão rotativo e, depois, o 2 no controle vermelho à esquerda e, finalmente, o 1 no controle verde escuro da direita, antes de pressionar o botão OK. Para cada uma dessas combinações, existem programas de gerenciamento do motor ou do combustível pré-designados. O interruptor rotativo verde (RECUP) aciona o gerenciamento da recuperação de energia.

Ao centro do nível mais baixo foca o botão liga/desliga do motor a combustão (Start/Kill). Os dois controles restantes, a meia-altura do volante, definem a quantidade de energia durante o “boosting” (B - dourado e à esquerda) e controlam a estratégia escolhida para o motor a combustão (S - azul e à direita).

Para permitir que os controles sejam reconhecidos no escuro, suas cores são fluorescentes e são iluminadas por uma lâmpada de luz negra, situada acima do capacete do piloto.

O volante é feito de fibra de carbono e suas empunhaduras são cobertas de borracha antideslizante. Graças ao sistema de assistência da direção, os pilotos podem manobrar o carro sem nenhuma dificuldade, mesmo com o volante relativamente pequeno. Quando se estendem através das aberturas, seus dedos tocam as seis palhetas do lado oposto do volante. As palhetas centrais são usadas para trocar as marchas - pressionando a palheta da direita para trocas para cima e a da esquerda para reduzir as marchas. As palhetas inferiores operam a embreagem e as do alto, o “boost” (energia extra para ultrapassar). Os pilotos podem escolher, a seu gosto, usar essas palhetas ou o botão do “boost” na parte frontal do volante.

Como o volante não pode ser maior e não tem espaço para todas as funções operacionais, os pilotos têm que acessar o painel do carro para algumas regulagens. Ali eles ajustam a luminosidade dos instrumentos à noite, a velocidade do limpador do para-brisa e o volume do rádio. Além disso, há também o botão “N”, que coloca o câmbio em ponto morto (neutro).

Fonte: Imprensa Porsche

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